Pedro Calabrez, professor e neurocientista, diferenciou os tipos de lideranças e deu dicas para uma gestão positiva no encerramento do primeiro dia do Enacon
Em seu segundo ano consecutivo como palestrante do Enacon (Encontro Nacional das Administradoras de Condomínios), Pedro Calabrez encerrou o primeiro dia da edição 2019 do evento abordando o tema Liderança: mente, cérebro e comportamento. Sócio-diretor da NeuroVox, professor e pesquisador do Laboratório de Neurociências Clínicas da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, ele apresentou, em quase uma hora e meia, inúmeros conceitos aplicáveis ao dia a dia pessoal e profissional.
Calabrez lembrou que há 70 mil anos, o planeta tinha somente seis mil habitantes. A expectativa de vida girava entre 25 e 30 anos, essas pessoas se agrupavam e viviam de forma nômade e ficavam sujeitos a catástrofes ambientais e predadores, como leões, elefantes e hipopótamos. “Hoje, somos quase 8 bilhões de pessoas, a expectativa de vida triplicou e não há predadores. Isso mostra a capacidade que o ser humano tem de transformar a sociedade. E essa transformação se dá pela liderança”, disse.
De acordo com ele, para entender a liderança no mundo corporativo, é preciso compreender os conceitos de transformação emocional dentro das empresas. “Os verdadeiros líderes conseguem tocar emocionalmente as pessoas e, assim, engajá-las nos processos. Caso contrário, não haverá eficácia”, explicou.
A inteligência, de acordo com ele, não pode ser tratada de maneira distorcida, como se fosse possível existir “gênios solitários”. Ele citou o exemplo do físico alemão Albert Einstein e sua forte atuação junto ao meio científico. “A convivência social foi fundamental para o seu brilhantismo pessoal.” Ele aproveitou para citar frase de Isaac Newton: “Se enxerguei longe, foi por estar em pé nos ombros de gigantes”.
Dois lados da liderança – Para uma liderança eficiente, deve haver cooperação. E para se chegar a isso, o líder deve inspirar em suas equipes transformações positivas por meio de suas ações, comunicações e comportamentos, sem o exercício duro da hierarquia.
Conforme Calabrez, há dois modelos de liderança: dissonante e ressonante. O primeiro tipo é exercido por um gestor distante emocionalmente das pessoas, que não enxerga a individualidade de seus colaboradores, que deixam de compor uma equipe para formar um time. Esse tipo de líder costuma ter personalidade egóica – centrada no ego, e acredita ser mais importante do que a coletividade. Tem foco nos problemas e cultiva a culpabilidade. Critica os erros dos funcionários humilhando-os e usa o bônus (aumento salarial ou comissão) como estímulo produtivo. “É a gestão exercida pelo medo e o medo gera desconfiança”, disse.
A liderança ressonante, por sua vez, é exercida por um líder próximo emocionalmente da sua equipe. Ele lidera indivíduos e é responsável pelas pessoas e não pelos aspectos exclusivamente técnicos do trabalho. Mantém o foco na solução de problemas, no crescimento e desenvolvimento das pessoas e as críticas são feitas individualmente e em particular. A gestão usa estímulos primários (valores intrínsecos), com o objetivo de se alcançar algo maior, coletivo. Esse tipo de liderança promove engajamento, inspira e não compara um profissional com outro. “Ela procura a parceria, promove a empatia e ativa circuitos associados a emoções positivas. E, acima de tudo, está alicerçada na confiança”, destacou Calabrez.
Para ser um líder ressoante, o professor e estudioso da neurociência deu algumas dicas. A fundamental é a prática da escuta ativa e construtiva, sem julgamentos, preconceitos, com empatia. “A escuta e o diálogo aproximam. É preciso ouvir mais, com energia”, ressaltou. Isso significa engajamento, que nada mais é do que conhecer as pessoas e alinhar as competências, evitando estresse, ansiedade, tédio e desestímulo.
Contudo, a base de uma liderança ressonante é a confiança entre os colaboradores e os líderes, e o respeito. “Confiança é o principal fator para relações de sucesso e qualidade. Também é responsável pela felicidade dos seres humanos.”
Não ser grosseiro, pedir desculpas, ter consciência e coerência, respeitar a rotina e fazer o melhor possível e com carinho são outros itens para o exercício da liderança ressonante. “Tem de se travar um caminho estratégico”, concluiu.
Uma exposição de produtos e serviços para o segmento condominial completou a programação do Enacon 2019, que contou com o patrocínio de Bradesco, Atlas Schindler, Intelbras, Comgas, Souza Lima, Vila Velha, Superlógica, Vivo, Empresta Capital, Graber, Group Software, Haganá, Jupiter, Limpidus, Techem, Aster, Pormade e Minha Portaria. Apoio institucional da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), entre outras instituições representativas do setor imobiliário.
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